Dente de leite a abanar: puxar ou esperar?

November 8, 2025
Dente de leite a abanar: puxar ou esperar no Porto?

Dente de leite a abanar nem sempre é sinal de que está pronto para sair. Puxar à força pode causar dor e atrapalhar a erupção do dente permanente. Com alguns sinais práticos, é possível decidir com segurança entre esperar, ajudar em casa ou marcar avaliação. Atendo famílias no Porto/Matosinhos e estou aqui para orientar com calma.

Por que “puxar o dente” pode ser um mau conselho

O dente de leite tem raiz que se reabsorve aos poucos para dar lugar ao permanente. Quando se puxa cedo, rompe-se tecido que ainda está preso. Além de doer, pode sangrar mais e assustar a criança.

  • Risco de trauma na gengiva e na zona ao redor do dente.
  • Maior probabilidade de infeção se ficar uma ferida aberta a cicatrizar mal.
  • Possível interferência no caminho do dente permanente que está a nascer.
  • Perda precoce de espaço, com deslocamentos que favorecem desalinhamento futuro.

Checklist prático: esperar, ajudar em casa ou ir ao consultório?

Use este guia simples para decidir o próximo passo.

Provavelmente pode esperar/ajudar em casa se:

  • O dente roda e mexe em todas as direções sem dor.
  • Não há vermelhidão, pus nem mau cheiro.
  • A criança mastiga normalmente e sente-se tranquila.

Tentar em casa com segurança:

  • Lave bem as mãos; use gaze limpa para apoiar o dente.
  • Faça movimentos suaves de vaivém; pare de imediato se doer.
  • Ofereça alimentos crocantes (maçã, cenoura) se a criança aceitar.
  • Se sangrar, comprima com gaze durante 5–10 minutos.

Procure o consultório se:

  • Houver dor, inchaço, febre, mau hálito persistente ou sangramento que não estanca.
  • O dente permanente já despontou atrás/ao lado e o de leite continua “preso”.
  • A mobilidade não evolui há mais de 3 meses ou houve trauma na boca.
  • A criança está muito ansiosa ou o dente partiu.

“Dentes de tubarão”: quando o permanente nasce por trás

É comum nos incisivos inferiores e, muitas vezes, resolve assim que o dente de leite cai. Mesmo assim, convém vigiar. Se o permanente está alto e o de leite pouco móvel, a mordida pode começar a desalinhar.

Nesses casos, uma avaliação ajuda a decidir se vale a pena remover o dente de leite para abrir caminho. Assim reduz-se o desconforto e protege-se o espaço para o alinhamento correto.

O que não fazer em casa

  • Nada de “fio na porta”, torções bruscas ou puxões secos.
  • Não use objetos pontiagudos para “descolar”.
  • Evite gelo direto por muito tempo ou substâncias caseiras na gengiva.
  • Não recompense a “coragem de arrancar”. Foque na segurança e no conforto.

Como a avaliação previne problemas ortodônticos

Uma consulta curta permite verificar o espaço, o estado da gengiva e o caminho do dente permanente. Quando a saída é precoce e não planeada, os dentes vizinhos podem inclinar-se para o espaço vazio.

  • Se houver perda de espaço, pode ser indicado um mantenedor para preservar o alinhamento.
  • A avaliação interceptiva por volta dos 6–7 anos diminui o risco de apinhamento e erupções fora do lugar.
  • Quando a remoção é necessária, é rápida, com anestesia local e com orientação clara para o pós-procedimento.

Quer saber mais sobre a cronologia dos dentes? Consulte também o guia do NHS – Children’s teeth.

Perguntas rápidas que os pais fazem

  • Com que idade começam a cair? Geralmente por volta dos 6 anos, mas pode variar e isso é normal.
  • Quanto tempo um dente pode ficar a abanar? Sem dor ou infeção, pode levar semanas a meses.
  • E se o permanente já apareceu e o de leite não abana? É motivo para avaliar; às vezes removemos o decíduo para abrir caminho.
  • É normal sangrar? Um pouco, sim. Deve parar com compressão em 5–10 minutos.

Mitos e verdades rápidos

  • Mito: “Se está mole, é só puxar.” Verdade: mobilidade nem sempre significa raiz reabsorvida.
  • Mito: “Dente de leite não tem raiz.” Verdade: tem e ela reabsorve com o tempo.
  • Mito: “Se doer, é melhor tirar logo.” Verdade: dor é sinal para avaliar, não para arrancar.

Micro-hábitos que ajudam

  • Escovagem suave também na gengiva ao redor do dente a abanar.
  • Fio dentário quando possível, sem forçar o dente.
  • Evitar “cutucar” com objetos; incentive a criança a avisar se doer.
  • Alimentação equilibrada e água após lanches pegajosos.

Próximos passos

Se ficou na dúvida, não precisa decidir sozinho. Pode enviar-me uma mensagem para orientação rápida ou marcar consulta no consultório em Porto/Matosinhos. Juntos decidimos se é melhor esperar, ajudar em casa com segurança ou remover no consultório, sem puxões e sem sustos.

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